SED - SÍNDROME DO EDIFÍCIO DOENTE
Mas afinal, o que é um edifício doente?
A síndrome do edifício doente se refere à relação de causa e efeito das condições de um ambiente interno e a agressão à saúde dos ocupantes, com fontes poluentes de origem física, química ou biológica. Um edifício é considerado doente quando cerca de 20% de seus ocupantes apresentam problemas de saúde associados à permanência em seu interior. Por recomendação da OMS, o diagnóstico se faz pela presença de dois ou mais sintomas, que se manifestam pelo menos duas vezes por semana, no interior do prédio, e diminuem quando a pessoa deixa o ambiente em questão. Em alguns casos, a simples saída do local já é suficiente para que os sintomas desapareçam, mas o problema pode ocasionar distúrbios mais graves quando o indivíduo tem predisposição ou a exposição é prolongada, provocando as doenças relacionadas ao edifício (building-related illnesses - BRIs, em inglês).
A contaminação do ambiente pode ocasionar novos distúrbios, exacerbar doenças pré-existentes (como rinite e asma) e desencadear distúrbios causados pela exposição no local de trabalho (como asma ocupacional, pneumonite de hipersensibilidade). De acordo com dados da revista Environmental Health, cerca de 60% das pessoas que vivem nesses ambientes doentes podem apresentar complicações com origem na síndrome. Esses locais facilitam o aumento da taxa de absenteísmo (trabalhadores que faltam no trabalho). A qualidade do ar tem influência direta na saúde ocupacional, pois, em um ambiente comprometido, a produtividade e qualidade de vida dos trabalhadores são prejudicadas. O problema já está presente em 30% dos edifícios no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e segundo estimativas, em 50% dos prédios brasileiros.
Como surgiu esse problema?
Nos anos 70 houve uma mudança nos projetos de arquitetura para prédios comerciais em decorrência da crise energética mundial. A tendência foi a criação de ambientes cada vez mais fechados. Eles apresentam mínimas aberturas para ventilação e pouca troca de ar com o ambiente externo, para, assim, reduzir o gasto de energia na manutenção da circulação e refrigeração do ar. Edifícios “hermeticamente” fechados auxiliaram na redução do consumo de energia, contudo, a redução radical da captação do ar externo significou em uma taxa insuficiente de renovação do ar. Com isso, houve a queda na qualidade do ar e o aumento da concentração de poluentes químicos e biológicos, que ameaçam a saúde dos ocupantes.
As enormes fachadas de vidro (ou espelhadas) substituíram janelas. Aparelhos de ar condicionado independentes deram lugar a ambientes fechados, com dutos de ar resfriados ou aquecidos por uma central. A automatização dos sistemas de ar condicionado, inicialmente, prezava apenas pelo controle das variáveis temperaturas e umidade relativa do ar interno, e ignorava parâmetros de qualidade do ar. Por esse motivo, a síndrome do edifício doente, muitas vezes, é chamada de síndrome do edifício espelhado.
Os avanços na química, e a utilização crescente do petróleo, tornaram possível a utilização de novos materiais, em busca de uma melhor qualidade estética e funcional. Cada vez mais compensados, vernizes, adesivos, papéis de parede, tapetes, removedores, entre outros materiais que são fontes de poluição passaram a ser utilizados. Também cresceu o uso de resinas de formaldeído empregadas, principalmente, em móveis de madeira aglomerada, divisórias e material colante para fixar carpetes. Carpetes higienizados com xampus e outros produtos químicos de porte industrial, altamente tóxicos, diga-se de passagem. Equipamentos para dar mais agilidade aos serviços (com geração de ozônio e amoníacos) aumentaram ainda mais a contaminação do ambiente interno. Em suma, os edifícios modernos, fechados, são um nicho ecológico complexo, fonte de inúmeras doenças para a humanidade.
A síndrome do edifício doente foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1982, após a comprovação de que a morte de 34 pessoas e a constatação de que 182 casos de contágio com a bactéria denominada Legionella pneumophila foram ocasionados pela contaminação do ar interno de um hotel na Filadélfia.
Quais são as causas?
Os principais contaminantes do ambiente interno aparecem na forma química. Entre os contaminantes químicos estão: monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, ozônio, formaldeído, dióxido de enxofre, amônia e radônio 222, presente nos solos, lençóis freáticos e materiais como pedras, tijolos e concreto. Os materiais sintéticos de revestimento, aglomerados de madeira, alcatifas, papéis de parede, colas, removedores, cera, espumas de isolamento, solventes, tintas, vernizes, além de equipamentos como impressoras e fotocopiadoras e produtos de limpeza, são potenciais fontes de contaminação. Os móveis e utensílios podem liberar substâncias danosas em pequenas quantidades durante anos.
Fatores biológicos também podem ser perigosos para a saúde dos ocupantes. Bactérias, fungos, protozoários, artrópodes, vírus e excrementos de animais em geral, são elementos que podem contaminar o ambiente. Os fungos mais comuns são: Penicillium, Cladosporium, Alternaria e Aspergillus, e as principais bactérias: Bacillus Staphylococus, Micrococus e Legionella Pneumophila. Reservatórios com água estagnada, torres de resfriamento, bandejas de condensado, desumidificadores, umidificadores, serpentinas de ar condicionado, são locais que podem ser foco de agentes biológicos.
Os fatores físicos que influenciam na saúde do ambiente vão da iluminação, nível de ruídos, campos eletromagnéticos, temperatura e umidade do ambiente. Tudo isso pode ocasionar complicações aos ocupantes, se não estiverem em níveis adequados.
A grande maioria desses fatores é agravada pela necessidade do ar condicionado nos prédios fechados, que muitas vezes é mal dimensionado, mal projetado, mal instalado e muito mal mantido e acaba por se tornar foco dos agentes biológicos, dispersor de contaminantes químicos e contribuinte para algumas variantes físicas, como temperatura e umidade.
Quais são as consequências?
A questão é da ordem de saúde ocupacional, considerando a relação de causa e efeito entre o local de trabalho e os sintomas decorrentes das agressões ao bem-estar desses ambientes.
Os sintomas são divididos em alguns grupos principais: problemas nos olhos, manifestações respiratórias, manifestações cutâneas e problemas gerais. Os problemas nos olhos incluem irritação, sensibilidade, dor, secura, coceira ou constante lacrimejamento. As manifestações respiratórias são irritação nasal, constipação nasal, coriza, rinorreia, sensação de opressão e dificuldade respiratória, agravamento de sintomas de asma, rinite e outras doenças respiratórias, sensação de secura, dor e irritação da garganta. Os ocupantes podem apresentar a Febre de Pontiac e até mesmo a Doença dos Legionários, nos casos de contaminação pela bactéria Legionella pneumophila. As anormalidades na pele envolvem secura, coceira, irritação, alergia e dermatose em geral. Já os problemas gerais vão, desde enxaquecas graves e moderadas a vertigem, fadiga generalizada, tonturas, letargia (sonolência e debilidade), dificuldade de concentração, náusea, mal-estar e estresse. O estresse pode desencadear uma série de outras enfermidades, como distúrbios de sono, alimentação, ansiedade, etc.
O que estamos fazendo sobre isso?
Através da nossa pesquisa descobrimos que as soluções existentes não são suficientes para resolver o problema, e após algumas tentativas não-sucedidas decidimos analisar duas informações:
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Um dos grandes problemas é que não temos uma ideia de quantos prédios hoje sofrem disso, nas grandes metrópoles. Este é um dado difícil de se adquirir, talvez por medo dos responsáveis pela administração dos prédios e condomínios em passar a informação.
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Trabalhadores de centenas de edifícios modernos fechados na América do Norte e na Europa ocidental relatam, desde o início da década de 70, diversas queixas em relação à saúde e ao conforto. Esses edifícios são os principais locais acometidos pela síndrome do edifício doente. Os sintomas podem aparecer isoladamente ou em combinação e, em muitos casos, eles não são associados com a síndrome por serem confundidos com uma doença respiratória comum. Nem todos os ocupantes de um edifício doente necessariamente apresentarão sintomas, mas a investigação do ambiente é fundamental para um diagnóstico correto.
Através dessa análise decidimos criar esse site, que possibilitará aos ocupantes de prédios fechados de vidro da Avenida Paulista e de outros locais, que apresentarem os sintomas dentro dos prazos estipulados, confirmar ou não as suspeitas que estão morando ou trabalhando em prédios doentes, e assim tomar alguma atitude junto aos seus superiores ou administradores.
Fontes: https://www.terra.com.br/noticias/dino/especialista-explica-o-que-e-a-sindrome-do-edificio-doente,e974ff0d25af1683e6dfbf1a86caa6cad0y4jmvf.html, https://abrava.com.br/sindrome-do-edificio-doente-voce-sabia-que-sua-saude-pode-estar-em-perigo-por-francisco-pimenta-dnpc e https://www.ecycle.com.br/4061-sindrome-do-edificio-doente, acessos em 03/12/2019.